DEVEMOS NOS CALAR?
Em uma
leitura sobre quando falar e quando devemos nos calar foi mencionado um adágio
popular “é melhor ficar em silencio e passar por ignorante do que falar e
provar que se é ignorante”. Eu meditei sobre o assunto e fiz alguns
questionamentos. E, entre eles, usei uma frase de Martin Luther King “eu não
tenho medo dos gritos dos violentos, dos maus, mas sim, do silêncio dos bons.” Qual atitude a tomar a este
respeito, quando a pessoa faz parte do contexto político e social de uma
determinada comunidade, independentemente de sua grandeza
político-administrativa? Calar e aceitar os conluios realizados pelos gestores
políticos administrativos para também se beneficiar no contexto ou para não criar
animosidades interpessoais, ou, ainda, ser considerado ignorante? O silêncio
deve permanecer nessa ocasião? Na situação em pauta, devemos também fazer
outras indagações: Será que estou entendendo bem? Será que estou apenas supondo
que essas circunstâncias adversas existem? Pretendo criar, raiva, curiosidade,
compaixão ódio ou amor? Ou simplesmente quero que os outros recebam informações
através do que digo, ou quero que ajam e, nesse caso, como eu quero que eles
ajam? Realmente quanto mais questionamento se fizer mais questões surgirão.
Devemos
levar em conta que quando uma pessoa faz parte de uma comunidade e exerce certa
liderança, ou, no mínimo, é formador de opinião, ele tem de ter uma postura
ética e imparcial para discutir ou comentar qualquer situação, mesmo quando a
situação é adversa a si mesmo. E nesse caso, o bom senso deve prevalecer, pois
quando buscamos o bem comum, devemos saber que as palavras que vamos professar
criarão uma ação favorável ou não para a(s) pessoa (s) envolvida (s) nesse
processo. Com certeza, as palavras a quem se dirigem ou vêm atingir provocarão
uma reação imediata. E se esta pessoa for mantedora de algum poder, e não tiver
o equilíbrio necessário para a recepção das palavras terá ai uma grande
possibilidade de ela querer que sua vontade prevaleça como a verdade absoluta
e, então, sua retaliação será, no mínimo, equivocada. Quando a situação chega a
esse ponto, muitos recuam ou calam-se para evitar um embate prejudicial para
si, para o bem comum, ou mesmo, até para se evitar uma “guerra”. E, quando isso
acontece, as mentiras, os conluios manterão essas pessoas como donas da
verdade, favorecendo-as e causando prejuízos incalculáveis para a sociedade.
Temos vários exemplos a este respeito estampados diariamente nos jornais. A
questão então é: devemos nos calar? Devemos continuar calados? Não!
Veementemente, acredito que não! Porque se quisermos fazer valer os valores
éticos e os bons costumes, devemos levantar um brado de renegação ou até mesmo
de ojeriza contra as más palavras e as más ações dessas pessoas. Devemos levar
em conta que se não sacrificarmos algumas coisas, principalmente, as que dizem
respeito ao nosso ego e ao nosso bem-estar; com certeza, não estaremos prontos
para tal embate, pois este é desgastante, e exige uma grande capacidade de
equilíbrio psicoemocional e pleno conhecimento de causa. Nunca é demais lembrar que só devemos defender algo que realmente
esteja dentro dos padrões morais e do bem estar comum e em consonância com o
nosso ideal.
Ao bem
da verdade, devemos nos preocupar com as palavras, pois, assim como as ideias,
elas são poderosas. São como sementes das quais podem germinar grandes
discórdias; ou, podem ser ainda lâminas que retalham o caráter de pessoas ou
incitar histerias em massa. Existe, portanto, momentos que devemos ficar em
silêncio. E esperar o momento oportuno para se falar. Em alguns momentos, o
silêncio é a arma mais forte que existe. E também, ele é o intervalo entre o
pensar, falar e agir. Devemos meditar sempre antes de falar e agir. Devemos
estar cônscios de nossas responsabilidades. E não devemos querer agir e falar
como um super-herói querendo defender os fracos e oprimidos, mas, sim assumir a
responsabilidade que nos cabe no contexto social que vivemos. E se cada um assumir
sua responsabilidade dentro do que lhe cabe neste contexto e juntarmos todas
estas potências, formaremos uma grande força humana lutando por um bem comum.
Existe um ditado que diz: “Ninguém é mais forte que todos nós, juntos”.
Nós
somos resultado de uma tríade: pensamento, palavra e ação. Portanto, devemos:
pensar bem, falar bem, e agir bem. Com isso, devemos entender que podemos
escolher o que vamos plantar, mas a colheita é obrigatória.
Plantemos,
pois, boas sementes em nossos pensamentos, nas nossas palavras, e, em nossas
ações para que possamos colher o fruto de uma sociedade melhor para toda a
humanidade.
“QUE
AS PALAVRAS SEJAM AS SEMENTES DA PAZ”
CARLOS AUGUSTO DE SOUZA
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