Com certeza, foge da
compreensão limitada e objetiva do homem compreender, saber, dizer, traduzir o
que é ou quem é Deus. Qualquer forma de expressão ou descrição que possa alguém
apresentar, por mais profunda que possa ser ou parecer, será alvo de críticas e
contestações movidas pela multiplicidade de visões de mundo religiosa,
filosófica e ou mística diferentes ou até opostas à linha de pensamento do
apresentador ou, ainda e simplesmente, pela suposta “sabedoria” popular que
quase sempre se confunde com os usos, costumes e tradições que podem esconder o
medo, a superstição e a ignorância. Assim, a concepção de Deus está pautada nas
diversificações culturais e espirituais da humanidade.
Mas difícil ainda, é ver DEUS em alguma forma
de ser. Pois, pouco se sabe sobre o Ser. Em nossa limitada compreensão, não
temos a sabedoria suficiente para conceber DEUS em alguma forma, porque estamos
limitados pelos cinco sentidos objetivos. Então como conceber DEUS? Como saber
a Sua forma? Como podemos vê-Lo? Senti-Lo?...
Ao longo dos tempos, as
tradições religiosas e espirituais conduziram os adeptos e a própria humanidade
com ensinamentos baseados em manuscritos escritos ou transcritos por profetas
ou homens “iluminados” por Deus, conforme relatos das diferentes religiões e
tradições que existem em nosso planeta. Esses ensinamentos nos foram
transmitidos como verdades irrefutáveis sobre Deus e suas leis. Então, e no
decorrer do tempo, restava ao seguidor religioso ou espiritual, aceitar e
seguir o que lhe fora ensinado.
Muitas verdades também
fugiram e se perderam da realidade no decorrer do tempo. E muitos desses
ensinamentos, atualmente, não condizem com a evolução mental, científica e
espiritual do homem.
As religiões, muito mais do que as tradições
esotéricas, se manifestaram diante da humanidade no decorrer dos tempos. E
tornaram-se a força motora de maior proporção na busca da religação do homem a
Deus. Esse fato ocorreu porque no passado, as religiões se encontravam
“atreladas” aos seus respectivos sistemas de governo e à política de então. É
triste constatar, em alguns casos, que essa realidade perdura nos dias de hoje.
De qualquer forma, do que
foi apresentado pelas religiões e do que as tradições esotéricas puderam nos
apresentar, de uma maneira geral, podemos intuir Deus como a ideia de um Ser
Supremo, Infinito, Onisciente, Justo e Perfeito, Grande Arquiteto do Universo e
causa primária de todas as coisas.
Uma breve apresentação sobre
o tema nas religiões mais populares no ocidente -Judaísmo, Cristianismo e
Islamismo – contribuirá para o entendimento do presente texto.
O judaísmo tem como princípio
absoluto a crença na unicidade de Deus (YHWH), como criador, onipotente,
onisciente e onipresente, que influencia todo o universo. Mas, não pode ser
limitado de forma alguma.
A crença no monoteísmo na
profissão de fé judaica é conhecida como Shema. Portanto, qualquer tentativa de
politeísmo é duramente rechaçada pelo judaísmo. Bem com, é proibido seguir ou
oferecer prece a outro que não seja a Deus (YHWH).
O judaísmo pós exílio
assumiu e compreensão da existência de uma corte espiritual, na qual Deus seria
uma espécie de rei, que controlava seres para a execução de sua vontade (Anjos).
Esta visão era aceita pelos fariseus e passada ao posterior judaísmo rabínico,
no entanto, foi desprezada pelos saduceus.
Conforme ensinamentos
judaicos cristãos tradicionais, antigamente o Nome que O chamavam, escrito em
hebraico era יהוה (o
Tetragrama YHVH)
.
No “decorrer dos tempos
deixaram de seu nome direto e se referiam a Deus por meios de adjetivos como “O
SUPREMO”, “O CRIADOR”, “O SUPREMO”, ETC. Na cultura cristã, a transcrição
referente ao Tetragrama foi substituída pela palavra SENHOR; e na cultura
judaica, por Adonay. Isto decorreu pela impronunciabilidade do Nome de Deus no
Tetragrama (YHVH).
Deus no cristianismo é o ser
divino que criou e governa o mundo. Ele se manifesta na Trindade; Pai, Filho e
Espírito.
Os cristãos em sua maioria
acreditam que Deus é espírito, incriado, onipotente, eterno, criador e
sustentador das coisas da terra e o universo. E busca o resgate da humanidade
através de seu filho Jesus Cristo.
A doutrina da Trindade ou
Santíssima Trindade se descreve como uma única substancia divina existente como
três pessoas distintas e inseparáveis: o Pai (Deus), o Filho (Jesus Cristo) e o
Espírito Santo.
A compreensão da natureza
Divina sofre variações de acordo com as denominações cristãs. Entre as quais:
Catolicismo, ortodoxia, anglicanismo e protestantismo.
No cristianismo Deus é
chamado de Pai por ser o criador, sustentador de toda a criação e provedor de
seus filhos. E também, por uma eterna relação com seu filho unigênito Jesus
Cristo.
Deus é um Ser Uno, mas,
simultaneamente Trino, constituído por três elementos indivisíveis: o Pai, o
Filho. O Espírito Santo que estabelecem entre si uma comunhão perfeita de amor.
Para os cristãos, esse dogma central não viola o monoteísmo. Esses três elementos
eternos apesar de possuírem a mesma natureza, são realmente distintas, pelas
relações que as referenciam umas das outras: o Pai gera o Filho, o Filho é
gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho; porém todos sempre
existiram, não existindo assim uma hierarquia entre os três.
O Credo
Niceno-Constantinopolitano faz a seguinte referencia a Deus ai:
Creio em
um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador
do Céu e da Terra,
De todas
as coisas visíveis e invisíveis.
Já para os muçulmanos, o
Alcorão ou Corão é a palavra de Deus, sagrada e imutável. Ele discute Deus e os
seus nomes e atributos. Descreve as origens do Universo, o homem e as suas
relações entre si e o Criador. Define leis para a sociedade, moralidade, economia,
etc., e fornece respostas das necessidades humanas diárias, tanto espirituais
com materiais. Os muçulmanos consideram o Alcorão sagrado e inviolável.
Na fé islâmica Deus é considerado único sem
igual. Cada capítulo do Alcorão (com exceção de um) começa com a frase “em nome
de Deus, o beneficente, o misericordioso”. Uma das passagens do Alcorão
frequentemente usadas pala ilustrar os atributos de Deus é a que encontra no
capítulo (sura) 59:
“Ele é Deus e não há outro deus senão Ele, que conhece o invisível e o
visível”.“Ele é o Clemente, o Misericordioso!”“Ele é Deus e não há outro deus senão Ele. Ele é o Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o Vigilante, o Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus seja louvado acima dos que os homens lhe associam!”
“Ele é Deus, o Criador, o Inovador, o Formador! Para ele os epítetos mais belos" (59, 22-24).
As tradições esotéricas, as
religiões islâmicas, judaicas e cristãs nos dizem que as principais características
deste Deus Supremo seriam a Onipresença, o poder de estar presente em todo
lugar; a Onisciência, o poder de saber tudo; a Onipotência, o poder absoluto
sobre todas as coisas.
A evolução humana atualmente está muita mais baseada
em sua compreensão científica das coisas do que na sabedoria tradicional e
cultural dos diversos povos que compõem a humanidade. Isto ocorre porque a
sabedoria tradicional sofreu, com o passar dos tempos, modificações culturais,
políticas e sociais. E, pior de tudo, em muitas das vezes, os conhecimentos foram
corrompidos, por interesses mesquinhos de uma pequena parte de um povo,
geralmente, por suas lideranças.
Com a globalização e a
eclosão da mídia e conjuntamente das redes sociais, com o amplo conhecimento de
todos os tipos de culturas, verdadeiros ou falsos, à disposição instantânea dos
internautas, criou-se uma gama de pensamentos duvidosos em relação aos
ensinamentos tradicionais, esotéricos e religiosos que acompanha a humanidade
em sua caminhada ao longo do tempo. Sem contar também, que devido a isso,
muitas mentiras, credos e superstições de várias linhas de pensamentos
religiosos foram desmascarados e caíram por terra. E com certeza, criaram um ânimo
de descrédito e até cético nos ensinamentos religiosos e de sabedorias
tradicionais.
Mesmo levando em conta essa
grande parte da humanidade que vive às margens da espiritualidade, e outros que
vivem fanaticamente uma falsa verdade espiritual, existem sérios buscadores,
que buscam a religação ou reencontro com Deus, Alah, Jeová, Adonay, o Grande
Arquiteto do Universo, etc. de acordo com a compreensão de cada um.
Então, podemos concluir que
muito mais do que buscar uma definição de DEUS, devemos buscar uma compreensão
maior das leis Divinas que regem a natureza, o universo e a espiritualidade, pois,
somente buscando a compreensão das leis Divinas e suas manifestações, é
possível aprender algo da natureza Divina.
Devido à complexidade do
tema, torna-se necessário por parte do buscador, certo preparo e desapego
temporário dos antigos dogmas e credos; e, principalmente, uma abertura mental
e espiritual para novos conhecimentos. E, assim, gradativamente, de acordo com
o ritmo do buscador, alcançar a compreensão e definição própria de Deus.
Somente quem consegue transcender
a compreensão humana sobre o Inefável pode encontrar a forma mais correta e
profunda dessa busca. O que temos de levar em conta, é que apesar de o buscador
ter algum conhecimento do Assunto, ele deve fazer essa busca “dentro de si”. A
fórmula pode ser coração e a razão, ou vice versa. Dependendo exclusivamente do
buscador.
Então, neste caminho, fé e
razão ou razão e fé são as ferramentas de buscas mais eficazes dentro de nós. Muitos
buscadores fazem uma colocação separatista entre as duas formas, dizendo que a
primeira fé e razão estariam agregadas ao dogma “acredito, logo compreendo” e a
outra, ao “compreendo, logo creio”. Particularmente, não vejo dessa maneira.
Acredito sim que as duas ferramentas estão entrelaçadas fortemente e são as fontes
principais para se iniciar uma verdadeira busca para tornar possível o
reencontro com o Criador ou Emanador.
Agregando á busca interior,
temos outra ferramenta que considero ser indispensável, o “livro da Natureza”.
Ele se encontra à nossa disposição. É só perceber e buscar.
الله الذي يسكن في داخلي يحيي الله الذي يسكن فيكم
אלוהים ששוכן בי מברך את אלוהים ששוכן בך
Deus enim qui habitat in vobis: qui manet in me, Deus salutat
“O DEUS que habita em mim
saúda o DEUS que habita em ti”
CARLOS AUGUSTO DE SOUZA
Fontes de informações Wikipedia – Domínio
Internet.
יהוה